"A troco de apenas algum dinheirito, os bancos emprestam-nos o nosso próprio dinheiro para que possamos fazer com ele o que quisermos.
Louvemos então a nobreza desta atitude dos bancos portugueses.
Quando, há uns dias, o Ministério das Finanças anunciou que o Governo vai prestar uma garantia de 20 mil milhões de euros aos bancos até ao fim do ano, respirei de alívio.
Quando, há uns dias, o Ministério das Finanças anunciou que o Governo vai prestar uma garantia de 20 mil milhões de euros aos bancos até ao fim do ano, respirei de alívio.
Em tempos de gravíssima crise mundial, devemos ajudar quem mais precisa.
E se há alguém que no meio disto tudo, precisa de ajuda são os banqueiros.
De acordo com notícias de Agosto deste ano, Portugal foi o país da Zona Euro em que as margens de lucro dos bancos mais aumentaram desde o início da crise.
Segundo notícias de Agosto de 2008, os lucros dos quatro maiores bancos privados atingiram 1,137 mil milhões de euros, só no primeiro semestre deste ano, o que representava um aumento de 23% relativamente aos lucros dos mesmos bancos em igual período do ano anterior.
Como é que esta gente estava a conseguir fazer face à crise sem a ajuda do Estado é, para mim, um mistério.
A partir de agora, porém, o Governo disponibiliza aos nossos bancos, dinheiro dos nossos impostos.
A partir de agora, porém, o Governo disponibiliza aos nossos bancos, dinheiro dos nossos impostos.
Significa isto que nós, como contribuintes, somos fiadores do(s) banco(s) que são nossos credores. Financiamos o(s) banco(s) que nos financiaram (dasse que isto é complicado) .
Não sei se os leitores estão a conseguir captar toda a profundidade deste raciocínio.
Eu consegui, mas tive de pensar muito e fiquei com dor de cabeça.
Ou muito me engano ou o que se passa é o seguinte:
Os contribuintes emprestam o seu dinheiro aos bancos sem cobrar nada, e depois os bancos emprestam o mesmo dinheiro aos contribuintes, mas cobrando simpáticas taxas de juro. A troco de apenas algum dinheiro, os bancos emprestam-nos o nosso próprio dinheiro para que possamos fazer com ele o que quisermos.
A nobreza desta atitude dos bancos deve ser sublinhada. Tendo em conta que, depois de anos de lucros colossais, a banca precisa de ajuda, há quem receie que os bancos voltem a não saber gerir este dinheiro garantido pelo Estado.
Mas eu sei que as instituições bancárias aprenderam a sua lição e vão aplicar ajuizadamente a ajuda do Governo.
Tenho a certeza de que os bancos vão usar pelo menos parte desse dinheiro para devolver aos clientes aqueles arredondamentos que foram fazendo indevidamente no crédito à habitação, por exemplo, e que ascendem a vários milhares de euros no final de cada empréstimo.
Essa será, sem dúvida nenhuma, uma prioridade.
Vivemos tempos difíceis, e julgo que todos, sem excepção, temos de dar as mãos.
Por mim, dou as mãos aos bancos."
Assim que eles tirarem as mãos do meu bolso, dou mesmo.
Nota - este texto foi enviado para o nosso endereço de correio electrónico, de forma completamente anónima, não sendo assim, da responsabilidade de nenhum autor deste blog.
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